O vigor do barro húmido devolve-me o alento. Sento-me no cimento fresco da varanda. Há um rádio ligado e uma voz que canta. Não é em português que aquele homem canta, e no entanto eu percebo-o. As palavras trazem o vago aroma de outras. Parecem utensílios remotos, como os restos de um naufrágio salvados do fundo do mar. Sinto que não as compreendo com o pensamento mas com o sangue.
José Eduardo Agualusa, Fronteiras Perdidas.
1 comment:
...e arrastam momentos, sorrisos, permanências no tempo.
"São como cristais as palavras"...
:)*
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