novocaína para a alma

Valpaços - Fevereiro 2009 - JALC

Não queria escrever sem sentido. Não quero falar sem direcções tão pouco, mas não me importava de flutuar ao sabor do vento. Ou marés. No fundo, não quero seguir uma estrada. Gosto da liberdade profunda do céu e do mar, mas creio querer dirigir-me para algures. Onde, não sei. Porquê, não imagino. Como, não ouso sequer pensar. Com quem, não sonho.

O sonho é a grande antítese da vida, mas também o único espaço onde somos verdadeiramente livres. No céu, há um limite, no mar, um horizonte, na terra uma silhueta do fim.

Por isso gosto do espaço profundo, de outras dimensões, de estórias de duendes e contos de fadas. Da ideia intemporal, da fotografia que perdura. Vejo duas setas, florestas, neve, gente. E imagino tudo o que está ao redor.

Ver a vida por outras objectivas permite-me sonhar.