Preparação para o Jantar do Emigra (I)

Mais do que bigodes farfalhudos, camisas abertas com correntes de alumínio dourado, palitos e unha mindinha de valente porte, teremos a música, senhores, a música!

A partir de hoje, a música de emigra ocupará este espaço. Diariamente. Até que não haja mais visitas, afugentadas ao se aperceberem que estes emigrantes estão para lá de qualquer salvação. Com honestidade, podíamos ser os emigrantes cultos, que dariam uma imagem positiva de um Portugal moderno. Mas a verdade atroz é que não conseguimos prescindir da Casa da Águia, do Café do Leão, da Tasca do Dragão. Não importando a côr da camisola, nem o futebol, nem a Superbock, nem os tremoços, nem o suor, nem a gordura, nem os pratos sebosos. Mas tão só aquela palavra tão acutilante que dá pelo nome de saudade. E conterrâneos, é mesmo verdade! É a música, é a música menos cosmopolita, mais retrógrada, aquela que dá a imagem que sempre renegamos, que nos liga qual cordão umbilical à terra que nos viu nascer.

Hoje, uma música dramática, uma letra pungente, uma presença tão significativa numa qualquer k7 adquirida naquela tasca onde paramos uma única vez na vida para almoçar. Se voltássemos a visitar esse local, a mesma cassete lá estaria, junto com uma ou outra novidade da Ana Malhoa, vigiada pelo omnipresente cabo da GNR local e pela mesma dupla de senhores-que-jogam-damas.

A próxima escolha, mais alegre. A vida de emigrante é feita de dor, alegria, mágoa, felicidade, tristeza, entusiasmo, trabalho, férias.

Aguardamos igualmente os comentários de desprezo e desagrado pelos novos conteúdos do blog. Aceitaremos ataques, mas iremos fazer tudo para manter viva a real, verdadeira, genuína cultura portuguesa... E agora, silêncio, que vai cantar a Ágata.


PS: A Ler!