Parque Eduardo VII - Lisboa - Abril 2006 - João Lopes Cardoso
Daniel, este post é para ti. Escreve o que quiseres sobre o Espiríto Lusitano, sobre a emigração, sobre as cores da bandeira ou então, voltar a falar sobre a polémica dos "pagodes" nas bandeiras do euro 2004.
Abração
Abração
E se falar do porque de nao voltar? E se explicar porque escrevo sem acentos? E se vos contar a historia de mil e um povos como o nosso, com bandeiras tao esplendidas como a nossa, paisagens igualmente extraordinarias, vontades ferreas como a nossa?
Se vos disser que Portugal so vale pelo que dele conheco? Que ha um Portugal maldoso, vingativo, obcecado, intermitente, inconsistente, incoerente, ridiculo? Personificado em pessoas reais?
E se disser que tudo isto e verdade, e que, ainda assim, nao deixo de amar?
E se vos tentasse explicar que nao sei explicar porque continuo a amar?
Sim, estou imbuido de espirito lusitano: Nao sei porque o faco, mas continuo a sonhar...
Oh! Que não sei de nojo como o conte!
Que, crendo ter nos braços quem amava,
Abraçado me achei cum duro monte
De áspero mato e de espessura brava.
Estando cum penedo fronte a fronte,
Que eu polo rosto angélico apertava,
Não fiquei homem, não, mas mudo e quedo
E, junto dum penedo, outro penedo!
"Ó Ninfa, a mais fermosa do Oceano,
Já que minha presença não te agrada,
Que te custava ter-me neste engano,
Ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada?
Daqui me parto, irado e quase insano
Da mágoa e da desonra ali passada,
A buscar outro mundo, onde não visse
Quem de meu pranto e de meu mal se risse.
Luis de Camoes, Lusiadas.
Feliz 25 de Abril. Festejo hoje a liberdade de poder trabalhar!
2 comments:
Linda...
Depois de tratar bem dos meninos que tenho por cá irei ocupar-me de escrever umas palavras sobre a foto em questão. Tenho desde já duas ou tres palavras a dizer sobre ela:
"Vou dormir. A bandeira nao se fez sem descanso."
Registem estas palavras sabias, as sabias palavras seguir-se-ao :p
Pois, é verdade. Continuamos a amar ou a sonhar amar um país que já não é mais que a sombra de um espírito lusitano. Já foi luz. Agora é sombra, ténue, criada por pequenos pontos de luz que ainda resistem ao doce embalar da facilidade do tempo.
Em que é que este país se tornou? Porque é que ainda o amamos?
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