Amigos e Compinchas #03

(O Talibã de serviço!!)

O Pedro, ou melhor, o Raio Luminoso, ou melhor o Fila, ou melhor, o Sr. Engenheiro Pedro Mêda, é especial. O tempo dele confunde-se com o meu, e isso torna mais díficil escrever o que quer que seja sobre ele. Portanto aqui fica a confissão: é o único que escreveu duas vezes no meu caderno. O genuíno, onde estão marcas escritas a caneta de fogo. Linhas que nunca vão ser apagadas porque ficaram cravadas no meu coração.

É talibã, ninguém duvide: convicções mais fortes que o granito, verdadeira locomotiva (vou contar um segredo, antes de comboios, fazia-o com aviões) a carregar os amigos. É estranho como as coisas se repetem em tempos e ciclos diferentes: Tenho quase a certeza que falavamos no berço. Depois disso falavamos através de playmobis. De JSF, os jogos e os jovens. Enquanto esperavamos a ida para o colégio. No GPRM e no 390 Mafamude. Caminhos sempre demasiado intersectados, nunca comuns. Sempre a olhar o infinito á espera de cometas, quando eles ainda nem eram visíveis, a ganhar caimbrãs no maxilar com risos explosivos.

Vivemos tanto e tão próximo, que se tornou um lugar comum: nem a ausência se notava, mesmo quando se estava presente. (Sim, é mais uma destas frases para pensar). Para que é preciso falar ou estar no sítio certo, quando se partilha tudo por inteiro? De que serve falar sobre um assunto com quem sabe tudo? Há amizades assim: Em que a essência da amizade, os sorrisos, afectos, compreensão, presença, é desnecessária. Ás vezes incomoda, não poder contar com ele como amigo. Mas como se pode contar com alguém que esteve, está e estará?


Acho que nunca caminhamos juntos, mas estivemos sempre lado a lado. Inequivocamente, pegadas na areia: Nunca nos apercebemos da presença do outro, e pensamos que são nossas...


Adenda: alguns podem dizer que o texto aponta para que sejamos irmãos. Para isso, contudo faltou nascermos com 9 meses de diferença: os 4 meses e meio reflectem uma relação conturbada, a meio termo entre as duas (amizade/irmandade) e nenhuma. Claro, a costela do FCP que me levou a atirar cadeiras ao chão em Darmstadt é por causa dele. E mai nada.