Hoje soube que o mundo continua muito dividido. Que o berço da civilização continua faraónico: Em praias, tais como esta, mulheres são obrigadas a passear-se de calcas e t-shirt. Nos restaurantes, pratos dados aos homens, esperando que estes alimentem as mulheres que também se sentem á mesa. Mulheres que usam, sob um sol tórrido, luvas.
A indignação em certos momentos, apenas permite a resignação... O berço da nossa civilização, o mesmo que alberga pirâmides, esfinges, desertos, o Nilo, mantém gente reprimida, lugares separados nos transportes públicos.
Contactar com a realidade através de quem a viveu faz-nos sentir mais atribulados. Faz-nos necessitar mais de uma casa antiga, mística. Por que é que quem vive no Petit Saconnex se há-de importar? Porque se há-de importar quem mora num local com uma biblioteca em casa, uma cadeira de baloiço, tranquilidade e conforto?
Talvez, pelo que o meu pai, do fundo daqueles vales e fragas me disse um dia: "A música mais bonita que conheço? É o 'Por trás daquela janela'." Ou talvez por causa do que o olhar da minha mãe diz de cada vez que ouve 'Romaria'...
Por trás daquela janela
Por trás daquela janela
Faz anos o meu amigo
E irmão
Não pôs cravos na lapela
Por trás daquela janela
Nem se ouve nenhuma estrela
Por trás daquele portão
Se aquela parede andasse
Se aquela parede andasse
Eu não sei o que faria
Não sei
Se a minha faca cortasse
Se aquela parede andasse
E grito enorme se ouvisse
Duma criança ao nascer
Talvez o tempo corresse
Talvez o tempo corresse
E a tua voz me ajudasse
A cantar
Mais dura a pedra moleira
E a fé, tua companheira
Mais pode a flecha certeira
E os rios que vão pró mar
Por trás daquela janela
Por trás daquela janela
Faz anos o meu amigo
E irmão
Na noite que segue o dia
Na noite que segue o dia
O meu amigo lá dorme
De pé
E o seu perfil anuncia
Naquela parede fria
Uma canção de alegria
No vai e vem da maré
No vai e vem da maré... anunciar canções de alegria.
Talvez seja para isso que Deus nos pôs no mundo.
1 comment:
bom comeco
Post a Comment