Uma mera silhueta.
E esse teu ar grave e sério
dum rosto e cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria
Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa
Milhafre.
Ferido.
Na Asa.
Adenda: Um milhafre ferido na asa, continua altivo. A moer sentimentos. A encerrar-se cada vez mais. A aumentar a ruga pensativa sobre a testa. A deixar-se envolver por uma tremenda sombra. Tremenda: completa... Coracão, alma e rosto.
Adenda 2: Somos assim: das tripas fazemos coracao... escolhemos o órgão mais sujo, mais entranhado, para o transformar em coracão. Única forma de ele continuar a bater: ser uma amálgama de detritos da digestão.
Adenda 3: A digestão dos sentimentos não consegue ser expulsa do corpo... O sangue é renovado constantemente no coracão. A única forma de alterar a estabilidade deste sistema é se eles sairem através de feridas... cortes profundos que rebentem veias, artérias e capilares.
No comments:
Post a Comment